NOTÍCIAS DO LEITE
Preço do leite ao produtor cai 19% em um ano
Movimento de desvalorização deve persistir até o final de 2025. Produção de leite teve crescimento constante ao longo de 2025
Em setembro, o preço do leite cru recuou 4,2% em relação à cotação registrada em agosto, fazendo com que a “Média Brasil” chegasse a R$ 2,4410 por litro, informou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Em comparação com o mesmo mês de 2024, a queda real foi de 19% (com valores deflacionados pelo IPCA). Segundo o Cepea, essa foi a sexta baixa consecutiva nas cotações no campo. O setor projeta que esse movimento de desvalorização deve persistir até o final do ano, tendo em vista que o mercado doméstico está bastante abastecido. Um dos fatores que incentiva a queda dos preços é o crescimento consistente da produção ao longo de 2025, sustentado por investimentos realizados após margens mais favoráveis em 2024. A sazonalidade da primavera e do verão, com melhora das pastagens, também impulsiona a oferta. Segundo o Cepea, o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) subiu 5,8% de agosto para setembro e acumula alta de 12,2% no ano, indicando forte ampliação da produção. Além do avanço interno, a disponibilidade total de leite foi reforçada pelo aumento de 20% nas importações de lácteos em setembro, totalizando 198,1 milhões de litros em equivalente leite, dos quais quase 80% correspondem a leite em pó. Mesmo com crescimento de 11% nas exportações no mês, o mercado interno permanece amplamente abastecido. No acumulado de janeiro a setembro, as importações recuaram 4,8% frente às de 2024, mas ainda somaram 1,65 bilhão de litros equivalentes, volume considerado alto pelos agentes do setor. Já as exportações diminuíram 36,7% no mesmo período, somando 52,9 milhões de litros. Essa abundância de oferta tem mantido o mercado saturado. De acordo com o Cepea, a produção segue em alta e sem sinais de desaceleração no curto prazo, enquanto o consumo permanece incapaz de crescer no mesmo ritmo, resultando em estoques elevados e em margens industriais comprimidas, sobretudo nos segmentos de UHT e muçarela. Pesquisa do Cepea realizada com o apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) mostra que, em setembro, no atacado do Estado de São Paulo, o leite UHT, queijo muçarela e o leite em pó registraram respectivas desvalorizações de 2,87%, 2,08% e 1,66%. Nas indústrias, a combinação de custos fixos elevados e de baixa rentabilidade tem levado à redução dos preços pagos ao produtor, agravando as tensões nas negociações. Muitos produtores relatam dificuldades para cobrir o custo de produção, informa o Cepea. Em setembro, o Custo Operacional Efetivo (COE) recuou 0,9% na média nacional. “Contudo, essa redução é pequena diante da queda das cotações, resultando em estreitamento das margens dos pecuaristas”, destaca o Centro de Estudos. O aumento dos preços dos grãos também deteriorou o poder de compra do produtor. Em setembro, foram necessários 26,5 litros de leite para adquirir um saco de 60 quilos de milho, alta de 5,4% frente a agosto. Embora levemente abaixo da média dos últimos 12 meses (27,5 litros), a tendência indica perda de rentabilidade e cautela crescente nos investimentos. Segundo o Cepea, no curto prazo, o cenário aponta para continuidade da pressão de baixa. “As sucessivas quedas podem provocar desaceleração gradual da produção, mas parte desse efeito tende a ser compensada pelo aumento sazonal típico da safra das águas, sobretudo no Sudeste e no Centro-Oeste. Assim, o volume deve continuar crescendo, mas em ritmo menor que o habitual, sugerindo início de ajuste na oferta”, informa o Centro de Estudos.
Esse movimento pode abrir espaço para estabilização dos preços em dezembro, quando as indústrias passam a planejar o abastecimento do início de 2026. Contudo, uma recuperação mais consistente das cotações é esperada apenas a partir do segundo bimestre de 2026, quando a oferta tende a recuar no Sul e o mercado pode reencontrar um novo ponto de equilíbrio.
GLOBO RURAL
Mercado do Leite: atualização de preços quinzenal 29/10
Atualização quinzenal do mercado lácteo: confira preços do leite spot, UHT, muçarela, leite em pó, grãos e tendências de oferta e demanda.
Leite Spot – Na segunda quinzena de outubro, o preço médio nacional do leite spot foi de R$ 2,22 por litro, registrando uma queda de R$ 0,06 em relação à quinzena anterior, segundo dados do Milk Point Mercado. Preços Internacionais – No 390º leilão da plataforma Global Dairy Trade (GDT), realizado em 21 de outubro, o preço médio dos produtos negociados foi de USD 3.881 por tonelada, registrando uma queda de 1,4% no price index. Leite UHT – Na quarta semana de outubro, o mercado de leite UHT manteve o movimento de queda observado nas semanas anteriores. O aumento da oferta tem pressionado os preços, levando a retrações em diversas regiões. No atacado de São Paulo o produto registrou recuo de R$ 0,08, sendo negociado, em média, a R$ 3,69. Muçarela – A muçarela apresentou comportamento misto na quarta semana de outubro. Enquanto algumas marcas com preços mais competitivos conseguiram manter suas cotações, outras, com valores mais altos, precisaram reduzir os preços para fechar negócios. O fim do mês e o consumo mais contido contribuíram para um mercado mais travado. No geral, o produto recuou R$ 0,4, sendo negociado, em média, a R$ 25,4/kg. Leite em Pó – Na quarta semana de outubro, o mercado de leites em pó seguiu em queda, refletindo o cenário de oferta ainda elevada. O leite em pó fracionado (LPF) registrou retração de R$ 0,2 e média de R$ 30,1. O leite em pó integral (LPI) apresentou leve recuo de R$ 0,1, sendo negociado a R$ 24,4, enquanto o leite em pó desnatado (LPD) caiu R$ 0,3, com preço médio de R$ 23,3. Apesar das variações, o movimento geral do mercado foi de acomodação, com oscilações mais moderadas em comparação às semanas anteriores. Oferta – Historicamente, a captação de leite tende a crescer nos últimos meses do ano, o que pode manter a pressão sobre os preços. Além disso, Brasil, Uruguai e Argentina vêm registrando volumes elevados de produção, ampliando a oferta regional e influenciando diretamente o mercado brasileiro. Demanda – A demanda permanece estável, mas ainda insuficiente para absorver o excesso de oferta, o que mantém pressão de baixa sobre os preços dos derivados. No varejo, os valores seguem firmes, o que limita o consumo, já que os preços ao consumidor final não têm acompanhado as reduções observadas na indústria.
Milk Point
ECONOMIA
Dólar devolve perdas ante o real e fecha estável após decisão do Fed
O dólar fechou a quarta-feira praticamente estável no Brasil, devolvendo as perdas vistas mais cedo, depois que a decisão de política monetária do Federal Reserve, que colocou em dúvida novo corte de juros em dezembro, deu força à moeda norte-americana em todo o mundo.
O dólar à vista fechou em leve baixa de 0,04%, aos R$5,3581. No ano, a divisa acumula queda de 13,29%. Às 17h08 na B3 o dólar para novembro — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,03%, aos R$5,3635. Até o início da tarde o dólar sustentou perdas ante o real e outras moedas de países emergentes, como o peso chileno, o rand sul-africano e o peso mexicano. Mas a decisão do Fed às 15h mudou o cenário. O Fed cortou a taxa de referência em 25 pontos-base, para a faixa entre 3,75% e 4,00%, mas destacou os limites em seu processo de tomada de decisão, já que a paralisação do governo dos EUA reduziu o número de indicadores econômicos disponíveis. A decisão desta quarta-feira também foi dividida: dez membros votaram pelo corte de 25 pontos-base, um membro defendeu redução maior e outro votou pela manutenção da taxa. Em sua comunicação, o Fed também informou que vai encerrar a redução de seu balanço patrimonial de US$6,6 trilhões, em meio a evidências de que as condições de liquidez do mercado monetário começaram a ficar mais apertadas. A decisão, que já vinha sendo sinalizada pelo chair do Fed, Jerome Powell, representará a normalização da liquidez disponível. O saldo da decisão do Fed e de sua comunicação foi o fortalecimento dos rendimentos dos Treasuries, em meio à percepção de que um novo corte de juros em dezembro não está garantido. Em entrevista coletiva, Powell reforçou essa percepção. Segundo ele, os membros do Fed estão lutando para chegar a um consenso sobre o que está por vir e os mercados financeiros não devem presumir que outro corte de juros ocorrerá no final do ano. Nos mercados de moedas, isso se traduziu na alta do dólar ante boa parte das demais divisas, em movimento percebido também no Brasil. Após registrar a cotação mínima de R$5,3345 (-0,49%) às 12h08, o dólar à vista atingiu a máxima de R$5,3679 (+0,14%) às 16h13, já após a decisão do Fed e as declarações de Powell. No fechamento, se reaproximou da estabilidade.
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Ibovespa renova máximas e flerta com 149 mil pontos puxado por Vale e bancos
O Ibovespa renovou máximas históricas nesta quarta-feira, ultrapassando os 149 mil pontos pela primeira vez no melhor momento, em desempenho puxado principalmente por Vale e bancos e referendado por decisão de juros do Federal Reserve.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa avançou 0,82%, a 148.632,93 pontos, após marcar 149.067,16 pontos na máxima e 147.429,63 na mínima do dia. O volume financeiro no pregão somou R$23,85 bilhões. Além do corte de juros, o Fed anunciou que reiniciará compras limitadas de Treasuries após os mercados monetários mostrarem sinais de que a liquidez estava se tornando escassa, uma condição que a autoridade se comprometeu a evitar. Na entrevista coletiva que se seguiu ao anúncio da decisão, o chair do Fed, Jerome Powell, disse que autoridades do BC norte-americano estão lutando para chegar a um consenso sobre os próximos passos e que os mercados não devem presumir outro corte no final do ano. De acordo com o economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, não houve surpresa com a decisão do Fed, mas os comentários de Powell dissuadindo expectativas de que mais um corte em dezembro está garantido foram recebidos de forma negativa pelo mercado. “Ainda acreditamos que um corte de 0,25 (p.p.) é o mais provável, mas temos que reconhecer que Powell fez tudo o que pode para dizer que nada está garantido”, observou. “De um lado, ainda não está clara a magnitude do esfriamento no mercado de trabalho. De outro, não sabemos se os impactos do tarifaço vão eventualmente impactar a trajetória da inflação de forma mais contundente.” Na decisão anunciada nesta quarta-feira, o diretor Stephen Miran pediu novamente uma redução mais profunda nos custos dos empréstimos e o presidente do Fed de Kansas City, Jeffrey Schmid, defendeu nenhum corte, dado o patamar atual de inflação.
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Dívida pública federal cai 0,28% em setembro, mas custo aumenta, mostra Tesouro
A dívida pública federal caiu 0,28% em setembro ante agosto, para R$8,122 trilhões, informou o Tesouro Nacional nesta quarta-feira, em período também marcado por uma elevação no custo para rolagem dos títulos públicos.
No mês, a dívida pública mobiliária federal interna (DPMFi) caiu 0,31% em termos nominais, somando R$7,820 trilhões, enquanto a dívida pública federal externa (DPFe) aumentou 0,43% e atingiu R$301,5 bilhões. Contribuiu para o recuo da dívida pública no mês passado um resgate líquido de R$100 bilhões da dívida mobiliária interna registrado no período, parcialmente neutralizado por uma incorporação de juros no valor de R$75,7 bilhões na dívida interna. O Tesouro destacou que em setembro a redução de juros pelo banco central dos Estados Unidos e a perspectiva de aceleração no ritmo de cortes na taxa aumentaram o apetite ao risco no mercado e levaram a uma queda dos juros futuros para períodos mais longos, também refletindo a política monetária no Brasil e dados globais. Ainda assim, de acordo com as informações da pasta, o custo médio do estoque da dívida pública federal acumulado em 12 meses teve uma elevação no mês passado, indo de 11,65% ao ano em agosto para 12,00%. O custo médio das novas emissões de títulos da dívida interna, por sua vez, subiu de 13,70% para 13,74% ao ano. Em relação ao perfil de vencimentos da dívida pública, o Tesouro informou que o prazo médio do estoque passou de 4,09 anos para 4,16 anos em setembro. A reserva de liquidez, por sua vez, passou de R$1,134 trilhão em agosto para R$1,032 trilhão em setembro. O valor é suficiente para quitar 9,33 meses de vencimentos de títulos, contra 7,78 registrados um mês antes. Em relação ao mês de outubro, o Tesouro apontou que a expectativa de cortes de juros nos EUA impulsionou ativos de países emergentes, ponderando que a percepção de risco no Brasil foi afetada por incertezas fiscais.
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Confiança da indústria do Brasil cai em outubro e reforça pessimismo no setor, diz FGV
A confiança da indústria no Brasil voltou a apresentar queda em outubro e marcou o sétimo resultado mensal negativo no ano, reforçando o sentimento de pessimismo no setor, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) na quarta-feira.
O Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu 0,7 ponto em outubro, apagando a alta de 0,1 ponto em setembro e chegando a 89,8 pontos, de acordo com os dados da FGV. “O resultado da sondagem retrata à risca a complexidade do ambiente macroeconômico para o setor industrial que vem apresentando sinais de desaceleração da atividade no segundo semestre. Apesar da redução da incerteza e do bom momento do mercado de trabalho, a indústria segue pessimista e distante de um reaquecimento da demanda, indicando desaceleração nos últimos meses do ano”, disse Stéfano Pacini, economista da FGV. O Índice de Situação Atual (ISA), que mede o sentimento dos empresários sobre o momento presente do setor industrial, caiu 0,8 ponto e foi a 94,2 pontos, em meio a preocupações com o alto nível dos estoques na maioria dos setores, segundo a FGV. O Índice de Expectativas (IE), indicador da percepção sobre os próximos meses, recuou 0,7 ponto, para 85,4 pontos, no pior resultado desde junho de 2020 (75,8 pontos). “Quanto ao futuro, o sentimento de pessimismo é notado em todas as categorias de uso, sobretudo nas produtoras de bens duráveis que são mais sensíveis aos reflexos da política monetária contracionista”, completou Pacini. Com a taxa básica de juros mantida em 15%, o Banco Central disse que entrou agora em um novo estágio da política monetária que prevê a Selic inalterada por longo período para buscar a meta de inflação.
Reuters