NOTÍCIAS DO LEITE
Varejo segura repasse de preços e trava recuperação de demanda
A concentração do varejo e sua força nas negociações ampliam margens sobre o leite e derivados, impactando diretamente indústrias e produtores.
A dinâmica de funcionamento da cadeia de valor de lácteos no Brasil sempre revelou um poder de barganha bastante significativo do varejo (cadeias de supermercados, hipermercados e atacarejos) frente a indústria e ao produtor de leite. Segundo dados da ABRAS (Associação Brasileira dos Supermercados), o setor varejista brasileiro faturou, em 2024, R$ 1,07 trilhão, com crescimento de 4,7% em relação a 2023. Os dados da mesma associação indicam que os 4 maiores grupos econômicos do varejo brasileiro concentram cerca de 42,5% do faturamento das 1.251 maiores empresas do setor – um grau de concentração que sempre significa enorme desafio para as indústrias fornecedoras, seja na negociação de preços ou em outras condições comerciais (prazos de pagamento, serviços agregados à venda etc.). Com grande poder de barganha na negociação de preços e controlando as informações de tendência de consumo, o varejo tem agregado margem na venda das principais commodities lácteas aos consumidores finais. No caso do UHT, o varejo acumula, entre janeiro e setembro de 2025, um aumento de preços ao consumidor de cerca de 3%, enquanto comprou o produto da indústria com preço 1% menor no mesmo período. Para o leite em pó fracionado (LPF), o varejo acumula redução de cerca de 5% no valor de compra, enquanto repassou 8% de aumento ao consumidor no mesmo período – aumento, portanto, de cerca de 13% em sua margem na venda do produto. No entanto, os números mais impactantes vêm da análise dos preços da muçarela. Para a muçarela, a indústria perdeu 16% no seu preço de venda ao varejo entre janeiro e setembro de 2025, enquanto os canais varejistas reduziram apenas 3% o valor de venda ao consumidor final. Interessante agregar nesta análise a avaliação dos preços médios de venda nas duas etapas da cadeia produtiva: na média nominal de janeiro a setembro de 2025, a indústria vendeu a muçarela ao varejo a R$ 30,6/kg e o varejo repassou ao consumidor final a R$ 56,5/kg, mark up de cerca de 85%! A mesma tendência é observada nas variações de varejo em relação aos preços pagos ao produtor de leite; enquanto o produtor perdeu 8% do seu valor de venda (de acordo com os dados médios Brasil do Cepea) entre janeiro e setembro de 2025, o varejo perdeu apenas 3% no preço ao consumidor da muçarela e teve ganhos no leite UHT e no leite em pó fracionado. O grande varejo ainda significa parte relevante do volume de venda de lácteos e sua importância tem crescido com o advento dos atacarejos, canais varejistas focados em baixo preço e poucos serviços agregados ao consumidor final. Ao mesmo tempo, as indústrias têm buscado canais alternativos ao grande varejo (pequeno varejo, supermercados de bairro, venda direta, vendas on line, vendas por assinatura e outros) para acessar o consumidor com maior competitividade e melhores condições comerciais. Paralelamente, uma possível recuperação da demanda, vinda da queda de preços ao produtor e à indústria, fica “represada” no varejo e em sua estratégia comercial. Num momento de aumento da oferta (via produção e importações), esta estratégia varejista faz perder toda a cadeia produtiva.
MilkPoint Mercado
FETAEP aguarda sanção de PL que proíbe reidratação de leite importado
A Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Paraná (FETAEP) aguarda com expectativa a sanção do Projeto de Lei (PL) 888/23, com a emenda que proíbe a reidratação de leite em pó importado para a produção de derivados lácteos no Estado.
O texto, aprovado por unanimidade na Assembleia Legislativa na última semana, é considerado uma vitória histórica da agricultura familiar paranaense. A aprovação ocorreu dias após a mobilização de cerca de 400 produtores de leite em frente à ALEP, no último dia 21 de outubro, em um ato promovido pela FETAEP e outras entidades em defesa da cadeia leiteira e por medidas concretas de enfrentamento à crise. “A sanção deste projeto, com a emenda aprovada, será um alívio inicial para a nossa categoria. Representa um avanço importante para mitigar os impactos da crise e combater uma prática que distorce o mercado e prejudica os produtores locais, que chegam a receber menos de R$ 2,00 pelo litro de leite”, destaca Alexandre Leal dos Santos, presidente da FETAEP. O PL original proibia apenas a reconstituição de leite em pó importado para venda como leite fluido. A emenda conquistada com o apoio da FETAEP ampliou a restrição, proibindo o uso do produto reidratado em toda a cadeia de industrialização, como iogurtes, queijos, bebidas lácteas e outros derivados. “Ao reconstituir o leite em pó importado e utilizá-lo como insumo, perdia-se a rastreabilidade e a transparência sobre a origem dos ingredientes. Agora, a lei garante mais clareza e justiça no mercado”, explica o presidente da FETAEP. Durante a audiência pública que antecedeu a votação, a pressão dos agricultores resultou em compromissos importantes, como a criação de um grupo de trabalho intersecretarial pelo governo estadual para acompanhar as demandas do setor de forma contínua. Em âmbito nacional, a FETAEP e a CONTAG seguem articuladas para ampliar o debate. As entidades cobram maior fiscalização federal sobre o leite importado e transparência na cadeia varejista, além de apoiar a criação de um grupo interministerial do governo federal que deve apresentar, em 20 dias, propostas para o enfrentamento da crise.
FETAEP
NACIONAL
CNA debate investigação de dumping nas importações de leite em pó do Mercosul
Reunião foi com integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA)
A CNA participou, na terça (28), de uma reunião com parlamentares integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) para discutir a investigação de dumping nas importações de leite em pó do Mercosul. O encontro contou com a participação do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Antônio de Salvo, e do diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, além dos presidentes da FPA, Pedro Lupion, e da Frente Parlamentar em Apoio aos Produtores de Leite, Ana Paula Leão. A CNA apresentou a situação atual da investigação e detalhes da iniciativa, além de salientar a mudança no entendimento quanto ao produto doméstico afetado pelas importações. Na nova ótica adotada pelo MDIC, o dano deveria ser avaliado sobre o leite em pó nacional, não sobre o leite in natura produzido nas propriedades rurais brasileiras, alterando o entendimento anterior. Os parlamentares presentes sugeriram a realização de uma audiência pública para ampliar o debate e buscar sensibilidade junto ao governo em relação aos impactos das importações sobre os produtores brasileiros.
A proposta é garantir transparência e clareza ao setor produtivo dentro do processo decisório, além de assegurar que as vozes dos produtores sejam ouvidas antes da conclusão da investigação. A CNA e as entidades representativas do setor reforçaram que o objetivo não é restringir o comércio, mas corrigir desequilíbrios que afetam diretamente a renda do produtor nacional e a sustentabilidade da cadeia leiteira brasileira.
CNA
Valor de referência do leite no RS é projetado em R$ 2,2163 para outubro
O valor de referência do leite projetado para outubro de 2025 no Rio Grande do Sul é de R$ 2,2163 o litro. O indicativo foi apresentado na terça-feira (28/10) durante a reunião mensal do Conseleite/RS realizada na sede da Federação da Agricultura do RS (Farsul), em Porto Alegre (RS).
O dado indica uma redução de -4,26% em relação ao projetado de setembro. Ao avaliar a comparação do valor referência consolidado, setembro fechou com o litro a R$ 2,3235, diferença de -2,62% em relação ao indexador consolidado de agosto (R$ 2,3861).
Reunidos na Capital, indústrias e produtores debateram os entraves que vive o setor. Entre as preocupações para os próximos meses estão as dificuldades relacionadas à balança comercial do setor lácteo no Brasil, que é rotineiramente inundado por produtos importados e segue com dificuldades para exportações. “É um assunto que preocupa e precisamos nos unir para buscar alternativas. A relação entre compras e vendas internacionais de produtos lácteos é o caminho da estabilidade interna que a cadeia leiteira tanto espera”, frisou o coordenador do Conseleite, Darlan Palharini.
NOTÍCIAS AGRÍCOLAS
Conseleite/MG projeta valor de referência do leite a ser pago em novembro/25
A diretoria do Conseleite/MG, aprova e divulga os valores de referência para o leite entregue no mês de outubro de 2025 a ser pago em novembro de 2025.
A diretoria do Conseleite Minas Gerais reunida no dia 24 de Outubro de 2025, atendendo os dispositivos disciplinados no artigo 15 do seu Estatuto, inciso I e de acordo com metodologia definida pelo Conseleite Minas Gerais que considera os preços médios e o mix de comercialização dos derivados lácteos praticados pelas empresas participantes, aprova e divulga: a) A projeção para o maior valor de referência; o valor médio de referência; o valor base de referência e o menor valor de referência para o produto entregue em Agosto/2025 a ser pago em Setembro/2025. b) A projeção para o maior valor de referência; o valor médio de referência; o valor base de referência e o menor valor de referência para o produto entregue em setembro/2025 a ser pago em outubro/2025. c) A projeção para o maior valor de referência; o valor médio de referência; o valor base de referência e o menor valor de referência para o produto entregue em outubro/2025 a ser pago em novembro/2025.
Os preços do leite continuam sob pressão devido ao aumento da oferta. O setor enfrenta um cenário de desaceleração, impulsionado pela maior captação nas fazendas e pelas importações ainda elevadas. Com o consumo interno estável e o mercado bem abastecido, o valor pago ao produtor segue em queda.
MilkPoint
ECONOMIA
Dólar fecha em leve queda ante o real com mercado à espera do Fed
O dólar oscilou em margens estreitas e fechou perto da estabilidade no Brasil na terça-feira, com investidores mantendo posições antes da decisão sobre juros do Federal Reserve, na quarta-feira, e das negociações comerciais entre EUA e China, na quinta-feira.
A moeda norte-americana à vista fechou em leve baixa de 0,19%, aos R$5,3605. No ano, a divisa acumula queda de 13,25%. Às 17h02, na B3, o dólar para novembro — atualmente o mais líquido no Brasil — caía 0,33%, aos R$5,3660. No exterior, o dia foi de sinais mistos para o dólar ante as divisas pares do real: alta ante a lira turca e o peso chileno, mas baixa ante o rand sul-africano — em movimentos contidos, assim como visto no Brasil. A expectativa para a reunião de quarta-feira do Federal Reserve permeava os negócios, com os agentes esperando um corte de 25 pontos-base nos juros norte-americanos, mas à espera de pistas sobre o que virá depois.
Atualmente, a taxa de referência nos EUA está na faixa entre 4,00% e 4,25%. No fim da tarde, a ferramenta CME FedWatch mostrava que os ativos precificam 99,9% de probabilidade de corte de 25 pontos-base dos juros nos EUA nesta quarta. Além disso, há 90,8% de chance de corte de mais 25 pontos-base dezembro, enquanto as apostas para o encontro do fim de janeiro do Fed estão mais equilibradas: 48,3% para mais um corte de 25 pontos-base e 47,4% para manutenção. Profissionais do mercado têm destacado que a perspectiva de mais cortes de juros nos EUA, somada à manutenção da Selic em 15% ao ano nos próximos meses, como vem indicando o Banco Central, favorece o fluxo de dólares para o Brasil, o que tem impactado as cotações. “O país continua sendo um bom destino em busca de ‘carry’ (trade). Esse é o movimento que temos visto, inclusive, da bolsa batendo recordes”, comentou Ricardo Chiumento, superintendente da Mesa de Mercados do BS2. “É um movimento de fraqueza do dólar global e, por outro lado, um carry positivo do lado brasileiro”, acrescentou. Em operações de carry trade, investidores tomam empréstimos no exterior, onde os juros são menores, e aplicam no Brasil, onde o retorno é maior. Outro ponto de atenção são as negociações comerciais dos Estados Unidos com a China. Na quinta-feira o presidente norte-americano, Donald Trump, vai se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping, na Coreia do Sul, para discutir saídas para o embate comercial entre os países.
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Ibovespa renova máxima com apoio de Vale e salto de MBRF
O Ibovespa avançou pelo quinto pregão seguido na terça-feira, renovando máxima de fechamento, com Vale entre os principais suportes, assim como MBRF, ainda embalada por acordo envolvendo fundo soberano saudita.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,35%, a 147.476,22 pontos, de acordo com dados preliminares, fechando acima dos 147 mil pela primeira vez e superando o recorde de fechamento registrado na véspera, de 146.969,10. No melhor momento do dia, o Ibovespa chegou a 147.810,55 pontos, sem conseguir superar o topo intradia também apurado na segunda-feira, de 147.976,99 pontos. Na mínima, registrou 146.574,67 pontos. O volume financeiro no pregão somava R$18,4 bilhões antes dos ajustes finais.
REUTERS